domingo, 21 de junho de 2015

Parando de tomar anticoncepcional: primeiras impressões.

Faz mais ou menos um mês que decidi parar de tomar anticoncepcional. Tomei a pílula por sete anos. Nos primeiros três anos usava a marca "Gracial", nos últimos quatro tomei a "Dalyne". A decisão de parar foi motivada por duas questões: a primeira foi a série de textos e matérias que li sobre os efeitos colaterais e complicações futuras que o uso de anticoncepcionais tem causado em muitas mulheres. Além das leituras, obtive muitas informações importantes através de relatos de várias mulheres em alguns grupos do Facebook (depois divulgo os que considero mais importantes). A segunda questão foi pessoal, relacionada ao "escape", um efeito colateral que o uso da pílula estava causando em mim. Nos últimos meses tomando anticoncepcional eu estava sangrando frequentemente, não só no período da menstruação. Antes de tomar essa decisão fui a ginecologista para investigar quais eram os efeitos desse sangramento. A médica pediu uma bateria de exames de sangue, urina e ecografias. No fim, de acordo com ela, meu sangramento era causado pelo uso do anticoncepcional, pois ele estava afinando a parede que recobre o útero (endométrio), causando um "descolamento" contínuo. A médica me disse que isso era normal, devido ao tempo de uso da pílula, e que eu não deveria me preocupar e poderia continuar usando-a normalmente. Como não me preocupar com um sangramento que estava durando 15 dias e me incomodava tanto? Como não me preocupar com minha saúde e a quantidade de hormônios que estava ingerindo, sem saber se realmente era necessário? Difícil...

Diante dessa realidade, optei pela decisão de parar com anticoncepcional. Agora, depois de um mês e estando menstruada novamente, decidi escrever esse texto contando as primeiras impressões que pude notar nesse tempo. Antes de tudo, quero deixar claro que essa é uma decisão pessoal, baseada naquilo que eu estava sentindo e também naquilo que acredito. Sei que existem mulheres que precisam do anticoncepcional por questões de saúde e não acho que devemos "crucificar" a pílula pura e simplesmente, sem uma análise séria de seus efeitos e também dos benefícios que ela pode trazer em determinados casos. 

Exposto isto, listarei os pontos que acredito serem mais relevantes de tudo que li, vivi e senti nesse primeiro mês. 

Conhecimento sobre meu ciclo e relação com meu corpo: antes mesmo de parar de tomar o anticoncepcional comecei a ler sobre ciclos, período fértil, ovulação e menstruação. Incrível como não sabia praticamente nada sobre o meu ciclo e o funcionamento do meu corpo. Não vou dizer que agora já me conheço por inteira, porque isso não seria verdade, ainda estou num processo de observação e aprendizado e esta tarefa não é tão simples quanto parece. No entanto, com a ajuda dos grupos do Facebook, dos relatos de mulheres maravilhosas e de um aplicativo para celular, pude entender um pouco melhor sobre quando poderia estar em meu período fértil, quando ovularia e, possivelmente, quando minha menstruação viria. Importante ressaltar que nos primeiros meses sem o uso do anticoncepcional, quando usamos ele por alguns anos, nosso ciclo dificilmente fica regulado quando interrompemos seu uso, o que pode dificultar a observação da fertilidade e da ovulação, bem como prever quando será a próxima menstruação. Por sorte meu ciclo permaneceu regular nesse primeiro mês, com apenas dois dias de atraso para vinda da menstruação. Os grupos do Facebook comentados acima são: Contraceptivos - Trocando Experiências e Percepção da Fertilidade e Contracepção Natural. O aplicativo que estou utilizando é o "Meu Calendário". Gosto dele porque, além de estar em português, permite a anotação de sintomas, variações de humor, relações sexuais (protegidas ou não), entre outras coisas que podem auxiliar na percepção sobre como funciona nosso corpo e como se comporta nosso ciclo. Além disso, a partir do cálculo de duração do ciclo, ele prevê quando, possivelmente, será nossa próxima menstruação. Cabe destacar que não considero o "Meu Calendário" um método contraceptivo (ele se assemelha a famosa "Tabelinha"), pois nossos corpos sofrem diversas influências todos os meses, que podem afetar na duração de nosso ciclo. O aplicativo serve como uma base para que eu possa saber o que está acontecendo com meu corpo, bem como, anotar características que poderão ser comparadas ao longo dos meses. 




Métodos contraceptivos: eu namoro há um bom tempo e há um bom tempo também não usava camisinha. Antes de parar de tomar o anticoncepcional também tive que pesar de que forma meu companheiro e eu lidaríamos com a prevenção de uma possível gravidez, visto que no momento não planejamos ter filhos/as. O primeiro método, prático e de fácil acesso, foi a camisinha. Segui as dicas das mulheres que participam dos grupos citados acima e fui logo comprando a camisinha da marca "Skyn". Não querendo fazer propaganda, mas já fazendo... ela é maravilhosa! Fina, lubrificada na medida certa e sem látex (excelente para quem tem alergia), ela é praticamente imperceptível durante a relação - o que até causa certo medo nas primeiras vezes, rs. O boy também aprovou a Skyn e está tudo certo! Esse é o primeiro e único método contraceptivo que estamos utilizando no momento. Estou pesquisando mais sobre o diafragma e fico triste por ver como existem poucas informações sobre ele no Brasil. As mulheres que estão utilizando este método relatam a dificuldade de aceitação pelos/as ginecologistas e da obtenção de informações sobre tamanhos e forma de utilização. Apesar das dificuldades, este é um método que aparenta ser prático, relativamente de baixo custo, e que pretendo estudar um pouco mais. Outros métodos que tenho pesquisado são os de Percepção da Fertilidade e o Billings. Esses são métodos naturais que procuram identificar o período fértil e a ovulação através da percepção do muco cervical e da temperatura basal. A Percepção da Fertilidade e o Método Billings requerem estudos aprofundados para que possam ser bem utilizados, dessa forma, ainda estou procurando mais materiais sobre o assunto, para que possa conciliar com o uso da camisinha ou do próprio diafragma, futuramente. Outro método que tenho visto bastante é o DIU, especificamente o DIU de cobre que não possui liberação de hormônios, no entanto, não estou me aprofundando nas leituras sobre o DIU, pois acredito que a combinação dos métodos citados anteriormente pode ser muito eficiente para a prevenção da gravidez. 

Efeitos "colaterais": coloquei a palavra colaterais entre aspas, pois acredito que os efeitos causados pela interrupção do uso do anticoncepcional são muito mais naturais e consequentes do uso que fiz anteriormente. A primeira diferença que notei foi no humor: parece que nesse último mês meu humor está mais leve e mais "sincero", me sinto mais feliz e disposta no dia-a-dia e não notei os sintomas da TPM, que sentia quando tomava anticoncepcional. A segunda diferença foi em relação as espinhas: eu sempre tive uma quantidade razoável de espinhas e, especialmente, cravos, no entanto elas nunca foram "resolvidas" com o uso do anticoncepcional. Há uns dois anos atrás fiz exames para descobrir a causa delas e o diagnóstico da ginecologista, na época, foi de que as espinhas apareciam devido ao stress. Dessa forma, nesse primeiro mês sem usar anticoncepcional, notei que minha pele está um pouco mais oleosa e a quantidade de cravos aumentou um pouco, principalmente durante o período menstrual, no entanto, não é nada severo, nem que me faça querer voltar a tomar a pílula. A terceira diferença, essa sim negativa, tem relação com a cólica: eu estou sentindo muita cólica! Quando tomava anticoncepcional quase não tinha sintomas antes de menstruar, no máximo uma dor de cabeça leve. Como pretendo iniciar um processo de desmedicalização mais intensivo também não estou tratando a cólica com remédios, apenas com essa bolsa de ervas maravilhosa (foto) que comprei na lojinha on-line "Velcro", aqui em Curitiba (caso se interesse pelo produto é só clicar aqui). Além disso, tenho a receita de dois chás para cólica que pretendo experimentar em breve.



A princípio era isso que tinha para contar. A partir das experiências que estarei vivendo nos próximos meses pretendo relatar as novidades e as descobertas que estarei fazendo. 

Acredito que o mais importante é que estou feliz com meu corpo e com as novas experiências que tenho vivido. Sentir-me assim é essencial para que possa continuar nesse processo!